Com mais de uma década de estrada, o NX Zero conquistou um público fiel por meio de um trabalho que se consiste em fazer o que eles mais gostam: tocar. Nesse período, o quinteto se manteve como uma das principais bandas nacionais. O guitarrista Gee Rocha conta para o Guitar Talks um pouco dessa trajetória. Na conversa desta semana, o guitarrista do NX Zero fala sobre o começo do grupo, a experiência de tocar no Rock in Rio, o novo álbum “Em Comum”, amadurecimento e novas experiências.
Guitar Talks - O novo álbum do NX Zero (Em Comum - 2012) é bem diferente dos anteriores, mas mantém a essência da banda. Dá para perceber que vocês amadureceram muito durante mais de uma década de estrada. Quais foram as principais mudanças que o NX teve durante esses anos?
Gee Rocha - Acredito que pelo fato de que se passaram 11 anos de banda, vendo de 2001 até agora, muitas coisas mudaram. Mas em nenhum momento pensamos: "Vamos mudar o som pra atingir tal público?", isso foi o que não aconteceu. Ao longo desses anos cada um da banda foi ouvindo sons diferentes, bandas diferentes e, naturalmente, fizemos cada disco numa pegada diferente. Mas falando desse nosso novo CD “Em Comum”, é um álbum que reflete um momento seguro nosso, entende? E como na história do NX, sempre fomos muito sinceros nas músicas, não podia ser diferente nesse novo disco. Algumas pessoas ainda estão se acostumando com essa diferença do álbum para os outros e, cada vez mais, acredito que vamos buscar novas referências para os próximos.
GT - Nos dias 21, 22 e 23 de setembro, o NX Zero fez uma série de shows no Hangar 110. Nessas apresentações vocês usaram um processo de escolha de setlist diferente. Foram os fãs que votaram nas músicas que queriam ouvir. Como tiveram essa ideia? Por que usaram esse processo?
Gee Rocha - Um dia nós estávamos no Estúdio Midas para uma reunião da banda. O assunto do encontro não era esse, mas o Rick (Bonadio - produtor) em um momento parou tudo e deu essa ideia. Ele disse que havia pensado em como o tempo passou e que os fãs iam pirar na ideia deles escolherem as próprias músicas do show. Assim eles poderiam ouvir várias músicas "lado B" da banda. Naquele momento eu não sabia o quanto poderia ser legal essa ideia, até porque estamos começando a Tour “Em Comum”. E depois desses 3 shows no Hangar 110, eu vi o quanto os Fãs PIRARAM. Parecia que eles esperaram aquilo por muito tempo, e a gente demorou pra tocar. A ideia foi ótima. Esses dias até liguei pro Rick para agradecer a ótima iniciativa que ele teve. Foi especial tanto para os fãs quanto pra nós. Trouxe um ar diferente para o show. Essas apresentações vão rolar paralelamente com a tour “Em Comum” Assim, conseguimos tocar em casas menores pro show “setlist” e casas maiores pra turnê do novo disco.
GT - Vocês vieram da cena underground até assinarem com uma grande gravadora. Quais eram as dificuldades que vocês encontraram no começo da carreira até conseguir cravar o nome NX Zero e conquistar os milhões de fãs que o grupo tem hoje?
Gee Rocha - Eu não consigo descrever muito bem quais foram as necessidades, mas enfim, a gente era jovem, e o NX sempre teve gás para tocar em qualquer lugar. Mas já que você perguntou, naquela época eu lembro que era treta porque íamos tocar, por exemplo, em Porto Alegre, e a gente dividia uma van com mais uma banda de São Paulo para ajudar nos custos. Então eram 20 horas de viagem com duas bandas. Chegávamos lá e na maioria das vezes não tinha nem hotel. Outra parte era chegar ao local do show e ter que tocar com o que tiver. Tipo, o amplificador da casa, a bateria da casa. Fora o local do show, que era sempre umas casas bem menores. Mas agora falando da parte boa, a cena underground era ANIMAL! Mesmo sendo uma cena independente, a galera que ia aos shows ia pra curtir muito. As bandas eram muito unidas. Todos nós queríamos tocar, tocar e tocar. Por isso disse no começo: qualquer roubada que a gente teve na época independente eu nem lembro, pelo fato de ter sido a minha escola. E quando você ama o que faz você nem pensa nesses perrengues que rola.
GT - Eu estive no show de vocês no Rock in Rio 2011. Como foi tocar em um dos maiores eventos de música do mundo? Percebi que vocês deixaram as músicas com arranjos mais pesados. Foi propositalmente para o público do Rock in Rio?
Gee Rocha - Nada. Nosso show é aquilo que você viu. Tocar no Rock in Rio foi outro sonho, aliás, de qualquer banda. Mas falando do NX, foi uma apresentação que eu nunca vou esquecer. Foi o show mais tenso em que eu já toquei. Não pelo fato de quantidade de pessoas, mas pelo lance de saber que a maioria do público estava ali era para ver o Red Hot Chili Peppers, e no final, conseguimos fazer um grande show. Muita gente nos conheceu a partir daquele dia. E é isso, não viemos aqui pra provar nada. Chegamos lá, montamos nosso equipo e tocamos de igual pra igual! Foi sensacional.
GT - No Rock in Rio, vocês apostaram em um diálogo aberto com a plateia e, mesmo com algumas vaias, conseguiram conquistar o público presente apresentando um grande show. Vocês acham que ainda existe muito preconceito com as bandas de rock nacionais que apostam em músicas mais melódicas?
Gee Rocha - Acho que ainda há preconceito no Brasil com as bandas nacionais. Mas nós nunca demos valor a isso. Buscamos tocar. Só Tocar. O resto é consequência. Acredito que devagarinho nós vamos mostrando nosso som para a galera que nunca viu o show do NX.
GT - O álbum “Projeto Paralelo”, de 2010, foi um grande sucesso e contou com diversas participações de cantores de rap e hip-hop, mostrando um NX Zero diferente do que os fãs estavam acostumados a ver e ouvir. Além do rap e hip-hop, existe algum estilo musical diferente que vocês acham que seria uma boa aposta e que se identificam?
Gee Rocha - Essa ideia do “Projeto Paralelo” foi uma coisa muito legal para o NX. Cara, dividir um CD com 29 rappers foi uma grande escola também. Eu ainda filmei tudo e fizemos o DVD. Eu aprendi muito com esses caras. Outras formas de compor, enfim. Mas um dia a gente vai fazer um Projeto Paralelo 2, e creio eu que vai ser de rap mesmo! Mas, pessoalmente, também gostaria de fazer algo com Reggae e Dubby!
GT – O Di Ferrero (vocalista) disse que atualmente ele pode se aprofundar mais em assuntos que eram da sua imaginação, pelo fato de já ter vivido muitas coisas e trabalhou bastante nesses últimos anos. Qual é a realidade do NX Zero hoje? Vocês esperavam isso há 10 anos quando começaram a tocar?
Gee Rocha - Quando começamos a nossa ingenuidade fez com que o NX tivesse uma identidade. E há 10
atrás anos só pensávamos em tocar. Olha, falei muito disso nessa entrevista, mas a real é essa: a gente
nunca imaginava que poderia dar certo, mas eu me lembro também de nunca pensar em um plano B na minha vida. Então tocando fomos ganhando um espaço em cada lugar em que passávamos. Difícil falar dessas coisas (risos)! Eu juro que a gente apenas se diverte e ama o que faz. Tocar.
GT – Em 2012, pela segunda vez vocês ganharam o Prêmio Multishow na categoria de Melhor Grupo. Como foi receber isso? Vocês acreditavam na vitória?
Gee Rocha - Nada! (risos) Eu fiquei de cara quando recebemos a premiação. São 11 anos de banda, já ganhamos muitos prêmios na época do boom do NX nas rádios. E sei lá, nossos fãs cresceram. A galera já faz faculdade, trabalha. Eu estava desacreditado, mas torcendo, né. (risos) Apesar da música não ser uma competição, é gostoso ganhar prêmio. Fica para a história. Mas o NX sempre foi pé no chão, e apenas ficamos felizes com o reconhecimento. Mas ainda tem muita estrada pra correr.
GT – Obrigado pela entrevista! Gostariam de deixar algum recado para leitores do Guitar Talks e aos fãs do NX Zero?
Gee Rocha - Pô, claro. Queria agradecer mesmo pela entrevista. Desculpa a demora em responder, mas como estamos trabalhando na divulgação do disco, o que eu menos estou fazendo é parar em casa, graças a Deus! Um grande abraço pra galera que curte o som do NX. Muito obrigado!
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