quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Preso a nada, Di Ferrero fala de novo disco do Nx Zero




Em entrevista a MTV Brasil, Diego falou tudo sobre o novo disco confira:

- Do primeiro disco pra cá, as composições de vocês passaram de uma mensagem lamuriosa pra algo mais subjetivo, quase religioso, falando de paz, oração, céu. Isso é um amadurecimento? Como foi esse processo? 

No começo eu tinha 18 anos, vivia o que eu escrevia. Estava na escola, a banda começando a dar certo, vivia o meu mundo, tava afim de tocar, gostava de uma menina e queria sucesso. Aí o tempo foi passando e qualquer pessoa muda muito. Hoje a gente está no pós-10 anos de banda, cada um já mora longe do outro, já vivendo outras paradas. Não preciso mais viver pra escrever. Então criei sensações. Realmente tiveram vários momentos do tipo orações, como você falou. Em ‘Só Rezo’, por exemplo, foi uma parada em que a gente foi lá no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, e ficamos sensibilizados.

Esses dias li uma matéria dizendo que John Lennon precisava sofrer pra escrever, já o Paul [McCartney] inventava suas letras. Dessa vez eu consegui inventar, pela primeira vez, sem viver pra escrever. Em ‘Maré’, nossa nova música de trabalho, eu tive a ideia da letra ouvindo ‘Cotidiano’, do Chico [Buarque], que fala de alguém que faz tudo sempre igual. Ao mesmo tempo, um amigo meu tinha estudado a vida inteira pra seguir um caminho e hoje rola uma frustração porque vive algo totalmente diferente. Então consegui escrever vendo situações de outras pessoas.

Vocês protagonizaram a febre pop do hardcore melódico, as bandas queriam provar algo, crescer, o público era muito ativo. Anos depois, como é produzir um disco sem estar preso a nenhum rótulo, nem tendo que provar nada a ninguém? Andam experimentando coisas novas?

Esse é o disco que a gente não parou pra pensar, a gente fez. Desde a época que rotularam de emo, era aquela provação pra gente mesmo. ‘Esses moleques que estão aí na mídia, que estão querendo fazer isso e aquilo’, diziam. Mas ainda assim a gente manteve a cabeça no lugar. Hoje em dia, olhar pra trás é a maior loucura. Finalmente, desprendido de tudo, depois de um DVD de 10 anos, é o disco que a gente mais tentou fazer coisas diferentes. Um disco mais clean, diferente dos outros.

 - Novas influências?

No Nx a gente sempre ouviu coisas diferentes, mas nunca conseguiu colocar em prática. Dessa vez foi diferente. Como falei, gosto muito do Chico [Buarque] e ele foi influência, com toda a humildade, é claro. O Dani ama Nação Zumbi e conseguiu explorar um groove a mais nas novas composições. Estamos melhorando nesse sentido, porque antes todo mundo queria fazer muita coisa, eu queria cantar na nota mais alta, eles queriam colocar muita guitarra, solar ao mesmo tempo. Quanto mais o tempo vai passando talvez isso vá melhorando na gente.

Hoje você mora no Rio, certo? Como é morar longe da banda? No que isso ajudou ou atrapalhou na hora de compor o novo disco? 

Eu e o Gee não nos desgrudávamos. A gente vivia perto, compondo. Agora eu estou noivo, o Dani se casou, o Gee mora sozinho, então é legal, antes a gente vivia junto, agora cada um tem sua vida e a gente continua tocando. Na produção desse disco, Gee me mandava uma música e eu escrevia a letra por lá. Acabei escrevendo algumas de frente pro mar, na sacada do apartamento, brisando. Isso fez muita diferença.

O Rio tem bastante coisa. Tem um bar lá onde sempre tem show, esses dias rolou um Jorge Ben. Eu sempre colo com os caras do Afroreggae, ensaio de escola de samba, tem sido bem diferente [de São Paulo]

- Anda produzindo alguma coisa solo no Rio? Projeto paralelo, parceria, o que vem por aí?

Como já estou por lá há sete meses, já tenho muitas pessoas com quem eu conversei, provavelmente vou acabar fazendo algum projeto pra tirar uma onda. Até tenho saído bastante com a galera do O Rappa, então futuramente deve vir alguma coisa por aí sim.

Vocês acabaram de voltar de turnê pelo Japão. Conta mais como foi por lá.

Quando rolou o lançamento do disco ‘Em Comum’ no Brasil a gente estava por lá. Por incrível que pareça, a gente tinha público nos shows. 90% era brasileiro. Só em uma das três cidades em que a gente tocou os japoneses conheciam nosso som, porque um brasileiro que trabalhava numa rádio de lá colocou a gente pra tocar. Uma menina até fez uma versão de ‘Cedo Ou Tarde’ em japonês, ficou engraçado, aí a gente chamou ela pra cantar no palco.

E como tem sido a repercussão do novo disco com o público? Os fãs acompanharam a mudança da banda?

A gente ficou com receio no lançamento, porque o disco tem uma vibe diferente. Mas acabou sendo ao contrário e a aceitação foi melhor do que no último [‘Projeto Paralelo’], porque tem muito fã que cresceu, já está na faculdade, vai no show de carro, e acabou curtindo o papo das letras. A galera está esperando show de lançamento, a gente até teve uma ideia de fazer um show só pra fãs, chamado Setlist, onde a galera escolhe o que vai tocar. A gente reservou sete dias no Hangar 110, pra poucas pessoas, em setembro. Já o show de lançamento vai ser daqui a dois meses, em São Paulo. Já tem alguns marcados no Sul também. Vai ser totalmente diferente, bastante música nova. Agora é só esperar.

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